Pelo menos 600 mil micro e pequenas empresas fecharam as portas e 9 milhões de funcionários foram demitidos em razão dos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus. É o que mostra levantamento feito pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às micro e pequenas empresas) e obtido com exclusividade pela CNN.
A pesquisa também mostra que 30% dos empresários tiveram que buscar empréstimos para manter seus negócios, mas o resultado não tem sido positivo: 29,5% destes empreendedores ainda aguarda uma resposta das instituições financeiras e 59,2% simplesmentes tiveram seus pedidos negados.
Mais da metade (55%) dos micro e pequenos empresários terão que pedir empréstimos para manter os negócios funcionando sem gerar demissões. O levantamento foi feito de forma online e ouviu 6.080 microempreendedores individuais, micro empresas e empresas de pequeno porte entre os dias 3 e 7 de abril.
Apesar de empresários procurarem por empréstimos, a pesquisa também mostra que 29% deles desconhecem as linhas de crédito que estão sendo disponibilizadas para evitar demissões e 57% apenas ouviram falar a respeito, mostra a pesquisa.
Nas últimas semanas o governo lançou diversos programas econômicos para evitar uma crise financeira ainda maior. O auxílio emergencial de R$ 600 para MEIs, autônomos e empregados informais foi um dos projetos mais aguardados. Porém, de acordo com a pesquisa, pouco mais de 34% dos comerciantes conhece bem o chamado ‘coronavoucher’.
Outra medida que pretende dar fôlego à economia é a que permite a suspensão de contratos e redução de jornada de trabalho. Porém, somente 23% dos participantes da entrevista disseram que conhecem bem o conteúdo da ação.
A falta de informação circunda o setor mesmo quando as propostas envolvem os micro e pequenos empresários. O Senado aprovou, nesta terça-feira (7), um projeto de lei para criar uma linha de crédito especificamente para micro e pequenas empresas durante crise do coronavírus. Entretanto, de acordo com o levantamento do Sebrae, somente 14,2% dos empresários conhecem bem a medida.
Mas pra aqueles que estão por dentro do assunto, o projeto de lei pode ser uma maneira de quitar débitos acumulados ao longo do último mês. Marcela Reis, dona de uma loja de roupas que existe há 40 anos em Brasília, conta que aguarda a aprovação na Câmara com ansiedade. A empresária pretende pagar fornecedores e contas, “Estamos parados há um mês. Em abril ficaremos parados e provavelmente, se reabrir em maio, sabemos aue o comércio não vai ser como antes”.
Ainda de acordo com a pesquisa do Sebrae, 10,1 milhões de empresas pararam de funcionar durante a pandemia, sendo 2,1 milhões por decisão da empresa, enquanto a paralisação de 8 milhões de companhias foi determinada pelo governo. Empresas podem ficar em média 23 dias fechadas e ainda assim ter capital para pagar as contas.
O presidente do Sebrae, Carlos Melles, observa que o prazo de pagamento dos tributos incidentes para o pequeno empresário foi estendido em seis meses. “Orientamos ainda a renegociação de aluguéis, de dívidas e do prazo de pagamento de fornecedores”, explica, acrescentando que a instituição também tem oferecido apoio para a ampliação de vendas online e a promoção dos negócios de bairro, o que evita a movimentação de pessoas.
Oportunidade – A empresária Rosangela Roessler é dona de uma confecção na cidade de Francisco Beltrão (PR). Ao perceber que a COVID-19 estava se espalhando, a empresária teve a ideia de produzir máscaras de tecido.
“Depois do primeiro dia que eu postei eu recebi quase uns 200 pedidos da máscara. Foi uma loucura. Tive que contratar mais três costureiras para suprir a necessidade”, conta a paranaense, “Eu me reinventei. Analisei o que eu tinha, o meu produto e o que eu poderia oferecer nesse momento de necessidade das pessoas”.
Atualmente Rosangela produz cerca de 150 máscaras por dia e, apesar de não conseguir lucrar, consegue receber o suficiente para pagar algumas contas, “Isso me ajudou a me estabelecer nesse mês, talvez no próximo. Não é um valor alto, mas o que veio já vai me ajudar muito”.
Foto: A Ladeira Porto Geral, em São Paulo, popular via de comércio da capital, fechada em meio à pandemia de COVID-19. Rovena Rosa/Agência Brasil
Texto: Mathias Brotero Da CNN, em Brasília
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