O presidente da Conampe, Ercílio Santinoni, abriu a XII Convenção Nacional da Micro e Pequena Empresa, mostrando que o momento desafiador vivido pelo país é a hora do segmento ser valorizado e utilizado como a mais importante política pública de desenvolvimento econômico e inclusão social em toda a história do país.
Leia aqui o seu pronunciamento:
Aqui estamos reunidos na abertura da XII Convenção Nacional da Micro e Pequena Empresa.
Reunimos hoje representantes de 20 estados brasileiros.
Essa caminhada tem nos motivado ao lado dos últimos 35 anos.
Quando começamos, nem existia o termo “micro e pequena empresa”. Uma empresa era uma empresa, não importava o seu tamanho, quantos empregados possuía, qual era o seu faturamento.
Nossa economia, é preciso que a gente lembre, vivia tempos muito, muito tempestuosos, com uma inflação fora de controle, juros completamente impagáveis, nenhum cenário diferenciado para os pequenos negócios.
Entre 1980 e 1993 o Brasil teve quatro tipos de moedas. Cinco congelamentos de preços. Vocês lembram?
Foram nove planos de estabilização econômica e onze índices diferentes para medir a inflação.
Considerando tudo isso, muitos de nós, os mais experientes, além de pioneiros do movimento em defesa da micro e pequena empresa, somo verdadeiros sobreviventes!
Alguém aí duvida?
Não apenas sobrevivemos como iniciamos e mantivemos uma luta que cresceu muito, da qual nos orgulhamos e que merece, por muitos que ficaram pelo caminho, respeito e uma salva de palmas.
A lista de conquistas que acumulamos nessas três décadas é grande e expressiva. Recentemente conseguimos uma alteração importante no Supersimples.
Avançamos muito na desburocratização, processo que precisamos continuar, pois ainda há muito o que fazer e concretizar.
Em relação aos nossos últimos eventos, esse que realizamos hoje é muito importante, poderíamos afirmar até, fundamental.
Há quase 20 anos, desde o sucesso do plano real, em 1993, não realizávamos um encontro nacional da micro e pequena empresa com o céu tão escuro, com tantas ameaças sobre o nosso futuro.
Reconhecemos, também, que se a economia do país passa por um momento de reajustes em busca de retomada, as conquistas do nosso segmentos tornam a micro e a pequena empresa a grande saída do governo federal para sustentar a economia, manter a geração de empregos e a estabilidade social.
O momento de crise que avistamos é um alerta e uma oportunidade para o governo investir como nunca no apoio aos empresários da micro e pequena empresa.
Nisso confiamos, caro Mauro Sérgio Bogéa Soares, secretário de Racionalização e Simplificação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República.
Pedimos que leve ao nosso ministro Afif Domingos o pedido para que repasse nosso apelo à presidente Dilma e à equipe econômica. Não penalizem a micro e pequena empresa, ao contrário, transformem o nosso segmento em alavanca de sustentação econômica e justiça social.
Em encontro realizado nesse mês de maio, com representantes de segmentos financiadores da nossa economia e de outros países, nosso ministro Afif Domingos afirmou:
“Temos 8 milhões de micro e pequenas empresas. Se cada uma gerar um emprego, teremos 8 milhões de empregos, o equivalente a 25% dos postos de trabalho no setor privado, beneficiando 32 milhões de famílias”.
Nosso pedido ao governo federal, prezado Mauro Sérgio, é: Ajudem a micro e pequena empresa a se manter atuante e em frente na nossa economia e daremos a resposta desejada em empregos e produção, alavancando a economia, produzindo bens e serviços para a nossa população e ajudando o Brasil a promover uma legítima e inteligente justiça social.
E para nós, amigos e lideranças da micro e pequena empresa, qual a lição de casa que precisamos fazer em ano de tantas dúvidas e desafios?
Como veremos aqui, o futuro das nossas empresas depende do associativismo. Do fortalecimento das nossas entidades, em todas as regiões e estados do Brasil.
Podem ter certeza, caras companheiras e prezados companheiros do movimento nacional em defesa da micro e pequena empresa: se não estivermos unidos, organizados e fortes não conseguiremos colher tudo o que plantamos ao longo de tantos e tantos anos.
O grande Carlos Drummond de Andrade escreveu o poema “No meio do caminho”:
“No meio do caminho tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho.
Tinha uma pedra.
No meio do caminho tinha uma pedra”.
2015 surge no nosso movimento como uma pedra no nosso caminho.
Avançamos tanto nesses anos e agora que estamos prontos para colher mais apoio, incentivos e boas políticas públicas nos encontrarmos mais do que nunca nas duas últimas décadas nas mãos do nosso governo federal.
Tem uma pedra no caminho, mas é um caminho em aberto, que também cabe a cada um de nós ajudar a fazer.
Lilia Schawarcz e Heloisa Starling escreveram agora, em 2015, no seu livro “Brasil: Uma Biografia”, que a história do nosso país não é uma conta de somar.
Na prática temos um país em aberto:
“O Brasil consolidará a República e os valores firmados na Constituição de 1988? Conseguirá manter o crescimento sustentável sem dilapidar suas riquezas naturais? Que papel desempenhará no cenário nacional?
Os desafio para que se altere o imperfeito republicanismo do Brasil são muitos: a sua persistente fragilidade institucional, a corrupção renitente, o bem público pensado como coisa privada. A grande utopia que sabe ainda seja acolhermos os valores que têm como direção a construção do que é público, do que é comum. Talvez comece nesse desafio mais um capítulo da história do Brasil. Afinal, feita a opção democrática, também a República pode recomeçar”.
Queremos acreditar que seremos valorizados e amparados como a ferramenta de política econômica e social que de fato somos, grande, legitimamente brasileira, preparada, mobilizada, de ponta a ponta do Brasil, presente nos 5.570 municípios brasileiros, nos mais diversos ramos de atividades.
Que essa XII Convenção Nacional sirva para recebermos boas notícias, para compartilharmos boas ideias e para reforçarmos nossos compromissos com as nossas empresas e entidades, nos laços da união incondicional e solidária que nos trouxe até aqui.
Micro e Pequena Empresa: A hora é agora!
Sim, com certeza, agora é a nossa hora!
Muito obrigado.